Como evitar a broncoaspiração em pacientes acamados?

A broncoaspiração é um risco comum em pacientes acamados, podendo levar a infecções respiratórias graves, como a pneumonia aspirativa. Identificar os fatores de risco e adotar cuidados simples, como posicionamento correto e avaliação da deglutição, pode fazer toda a diferença na prevenção. Entenda mais sobre esse assunto!

Ilustração 3D do sistema respiratório humano, destacando pulmões, traqueia e vias aéreas superiores em um corpo transparente.

A broncoaspiração é a entrada acidental de alimentos, saliva ou secreções gástricas nas vias respiratórias, o que pode causar infecções graves nos pulmões. 

Em pacientes acamados, esse risco é ainda maior devido à limitação de movimentos, dificuldade de deglutição e posição prolongada no leito. Esse quadro é frequentemente observado em pessoas idosas, pacientes neurológicos e em cuidados paliativos.

A prevenção da broncoaspiração é fundamental para evitar complicações, como pneumonia aspirativa, internações prolongadas e até óbitos.

Neste artigo, abordaremos os fatores de risco que favorecem a broncoaspiração, medidas práticas de prevenção e como deve ser o manejo adequado dos pacientes mais vulneráveis. Leia até o final e saiba mais!

Principais fatores de risco para broncoaspiração em acamados

Pacientes acamados apresentam múltiplos fatores que aumentam o risco de broncoaspiração. O comprometimento da deglutição, a redução do nível de consciência e o refluxo gastroesofágico são apenas alguns exemplos que favorecem esse tipo de evento respiratório.

Entre os principais fatores de risco estão:

  • Dificuldade ou ausência de reflexo de deglutição
  • Presença de doenças neurológicas, como AVC e Parkinson
  • Uso de sondas nasogástricas ou orogástricas
  • Refluxo gastroesofágico frequente
  • Fraqueza muscular generalizada
  • Acúmulo de saliva ou secreções sem deglutição adequada
  • Uso de sedativos ou medicamentos que deprimem o sistema nervoso central
  • Posição inadequada durante a alimentação ou administração de medicamentos

Além disso, a presença de doenças respiratórias pré-existentes pode agravar as consequências da broncoaspiração, tornando o quadro clínico mais grave. 

Por isso, identificar precocemente os pacientes com risco elevado é o primeiro passo para uma prevenção efetiva. A equipe de saúde deve realizar avaliações frequentes e adotar protocolos de segurança no cuidado diário.

Cuidados práticos para prevenir a broncoaspiração

A prevenção da broncoaspiração em pacientes acamados envolve medidas simples que, quando incorporadas à rotina, reduzem significativamente a incidência desse problema. 

Grande parte desses cuidados está relacionada ao posicionamento correto do paciente e à forma como a alimentação é realizada.

As principais medidas preventivas incluem:

  • Manter o paciente sempre com a cabeceira do leito elevada entre 30° e 45°
  • Oferecer alimentos em consistência segura, de acordo com a avaliação fonoaudiológica
  • Realizar a alimentação de forma lenta, com pausas entre as colheradas
  • Verificar a posição da sonda nasogástrica antes de cada uso
  • Evitar alimentação em pacientes sonolentos ou com rebaixamento do nível de consciência
  • Realizar higiene oral adequada para reduzir acúmulo de secreções
  • Monitorar sinais de engasgos, tosse ou mudança de voz após alimentação
  • Garantir tempo adequado de digestão antes de deitar completamente o paciente

A capacitação dos cuidadores e profissionais envolvidos é essencial para garantir que essas medidas sejam corretamente aplicadas. 

Mesmo em ambientes domiciliares, o acompanhamento da equipe multiprofissional pode evitar complicações e oferecer mais segurança ao paciente.

Manejo e acompanhamento dos pacientes de alto risco

Pacientes identificados como de alto risco para broncoaspiração devem ter um plano de cuidados individualizado, com monitoramento contínuo e envolvimento de diferentes especialidades.

Entre as estratégias de manejo estão:

  • Avaliação da deglutição por fonoaudiólogo especializado
  • Ajuste da consistência alimentar conforme risco de aspiração
  • Uso de espessantes em líquidos, quando indicado
  • Supervisão durante todas as refeições e administração de medicamentos
  • Utilização de oxímetro para monitorar a saturação de oxigênio durante a alimentação
  • Troca de sonda para gastrostomia em casos de aspiração recorrente por sonda nasogástrica
  • Acompanhamento com fisioterapia respiratória para melhora da higiene brônquica
  • Monitoramento de sinais clínicos de infecção pulmonar ou alterações respiratórias

Além do manejo clínico, é importante acolher e orientar a família, explicando os riscos, as medidas de prevenção e o que observar no dia a dia. 

O cuidado humanizado, aliado ao conhecimento técnico, contribui diretamente para a melhora da qualidade de vida e a redução das complicações graves relacionadas à broncoaspiração.

Saiba mais: DPOC e Qualidade do Sono: como a condição afeta suas noites?

Dr. Gabriel Souza
CRM-SP: 162803
RQE: 70.434 - Clínica Médica
Médico formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em Clínica Médica pela mesma insituição.
Currículo lattes